BLOGGER TEMPLATES - TWITTER BACKGROUNDS »

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Projeto Vale Cultura

Depois do vale transporte, refeição e alimentação, o próximo benefício para o trabalhador brasileiro será o Vale Cultura. A princípio pode parecer inusitado, mas o programa está prestes a virar realidade: o presidente Lula participa na tarde desta quinta-feira (23), em São Paulo, da cerimônia que oficializa o envio do projeto de lei ao Congresso Nacional.

A ideia é disponibilizar uma espécie de tíquete nos mesmos moldes em que o vale refeição funciona hoje, só que para consumo cultural. Serão R$ 50 que vão poder ser usados na compra de livros, discos, ingressos de cinema, teatro, museus, shows e aluguel de filmes, mas apenas em locais credenciados. Alguns detalhes ainda precisam ser definidos, embora o Ministério da Cultura (Minc) adiante que planeja um mecanismo similar ao utilizado pelos outros benefícios, com um cartão magnético. Se não utilizar todo o crédito, o trabalhador pode usar o saldo restante no mês seguinte.
De acordo com o secretário executivo do MinC, Alfredo Manevy, a paternidade do programa é do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, numa tentativa de combater o “apartheid cultural” que existe no País. “É uma das respostas às distorções da Lei Rouanet, que em 18 anos, não gerou mais acesso à cultura”, afirma. “Um estudo do IBGE de 2006 apontou que apenas 10% dos brasileiros têm acesso à cultura. No total, 90% da população não frequenta museus e exposições de arte e 86% não vão ao cinema”, completa.
Um projeto similar tramitava desde 2006 no Congresso. De autoria do deputado José Múcio Monteiro (PTB-PE), hoje ministro das Relações Institucionais, esse Vale Cultura foi aprovado por todas as comissões pelas quais passou, mas esbarrou em um obstáculo legal, já que pedia a criação de uma despesa orçamentária extra, o que é vetado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Além de especificar generalidades do texto anterior, o projeto do governo Lula driblou o impedimento através da renúncia fiscal.
“O empregado contribui com 10% do valor do vale, o equivalente a R$ 5 por mês”, explica Manevy. “Os 90% restantes ficam por conta da empresa, que terá o benefício fiscal de abater com este gasto até 1% do seu imposto de renda. Ou seja, a contrapartida do governo é a não-arrecadação deste imposto. Caso a empresa ultrapasse este valor, o custo da implantação do Vale Cultura fica por conta apenas da empresa.”
Impacto bilionário na economia
O foco do programa é para trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos, o que, segundo dados da Receita Federal, deve englobar 12 milhões de pessoas. O empregador também está autorizado a disponibilizar o vale aos funcionários que recebem mais do que isso, desde que todos com renda inferior já sejam beneficiados ou tenham aberto mão do benefício.
A adoção do Vale Cultura é optativa pelas empresas, mas o MinC espera que, em um primeiro momento, o benefício seja incorporado de pronto pelas grandes pagadoras de impostos. “Imaginamos que os maiores interessados serão as companhias ‘tributadas em lucro real’, como estatais e as maiores empresas do País, com faturamento a partir de R$ 50 milhões”, aponta o secretário executivo do ministério. “Sindicatos e outras entidades de classe podem ter interesse em incentivar a aprovação do projeto, para que na cesta básica do trabalhador seja incluído o consumo de cultura também.”
A previsão do MinC é que a adoção do vale injete na indústria cultural R$ 600 milhões por mês, o equivalente a R$ 7,2 bilhões por ano. “É estratégico para um país com a importância do Brasil no cenário econômico mundial que se desenvolva a cultura de seu povo”, afirma Manevy. Apesar da habitual morosidade das votações no Congresso, a expectativa é de que, pela boa aceitação da proposta, o projeto de lei tenha tramitação rápida e, espera-se, seja aprovado ainda em 2009.
*Por Camila Campanerut, retirado do site do Ministério da Cultura.

2 comentários:

Unknown disse...

Acho a idéia muito legal!

Anônimo disse...

Aumentar o potencial de consumir cultura do trabalhador é uma proposta louvável, mas desde que acompanhada de campanhas educativas, pois concordo com quem diz que "serão gastos milhões com projetos de alto impacto popular mas baixo teor educativo". (Porém, pior ainda se o Estado fixasse como esse dinheiro deve ser usado...)